Explicações
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Explicações
Sábado, 6 de Setembro, 16h22min
O sol era intenso. O calor que se fazia sentir tornava o ar quase que irrespirável. Pouco incomodado com isso estava Arsénio Fuínha. O lutador encontrava-se na sala de espera destinada às visitas ao gabinete de Carlos Salazar, presidente da VLL, juntamente com o seu manager, Lucas Brandão. A sala tinha sido remodelada de forma a que o gabinete de Salazar se tornasse maior. Agora apenas 5 cadeiras e a secretária do Sr. Lopes cabiam naquele espaço pequeno. Lucas e Arsénio estavam sentados em duas cadeiras. O primeiro encontrava-se impaciente. Tinha sido Brandão a forçar o “Verdadeiro Professor” a falar com o presidente, devido à presença do lutador no próximo show a lutar pelo Título Intercontinental. O segundo estava calmo e sereno. Parecia pouco preocupado com tudo o que o rodeava, fosse o calor ou até mesmo a ansiedade de Brandão.
LB: (Dirigindo-se ao Sr. Lopes) Falta muito? Já estamos à espera há quase uma hora.
Lopes: (Atrapalhado; a atender telefonemas) O Sr. Presidente está numa reunião. Não sei quanto tempo vai demorar.
Lucas irrita-se. Já tinha ouvido aquela resposta bastantes vezes. O antigo Supervisor Geral levanta-se e dirige-se até à porta do gabinete de Salazar. Fuínha faz o mesmo, antecipando a decisão do seu manager. O Sr. Lopes não consegue impedir a tempo, mas não foi necessário. Quando Brandão preparava-se para abrir a porta, esta abriu-se sozinha. Era Barata e Meta Baldé que tinham estado a reunir-se com o presidente. Arsénio muda de expressão instantaneamente. A tranquilidade dá lugar a uma raiva disfarçada e a um olhar intenso para tanto Meta como Barata.
Barata (Não se apercebendo da presença de Lucas e Arsénio): Ainda bem que nos entendemos às mil maravilhas, Carlos.
Barata vira-se e depara-se com Fuínha e Brandão.
Carlos Salazar: (Sentado; bem humorado) Que coincidência vocês se encontrarem. Suponho que se conheçam depois do pedido que me fizeste Arsénio.
Fuínha morde o lábio.
Lucas Brandão: (Surpreso) Conhece-los?
Barata não hesita e coloca-se junto ao antigo Parceiro de Guerra.
Barata: (Dando uma palmada amigável nas costas de Arsénio) Somos amigos de longa data.
O agiota abandona o local tal como Baldé. Lucas, ainda surpreendido com a situação, senta-se à frente de Carlos. Fuínha acompanha-o e também ele se senta, ainda a pensar no que tinha acontecido há momentos.
CS: Então: o que vos traz aqui… ao meu novo gabinete?
LB: Tu sabes bem o porquê da nossa visita.
CS: (Mostrando um suposto ar pensativo a gozar com Lucas) Humm… Já sei. Estás aqui porque o Lopes enganou-se e só escreveu Arsénio no site. Não te preocupe, já lhe dei na cabeça. Da próxima vez garanto que terás Arsénio Fuínha lá escrito.
Salazar ri-se, enquanto Lucas continua sério, a olhar para este.
LB: Estás a achar piada? E se ativar a Cláusula de Rescisão com justa causa do contrato do Arsénio? Vais-te rir também?
O presidente da VLL ajeita a sua posição e remove o sorriso da cara.
CS: Isso nunca pegaria em tribunal. Sabes bem disso.
LB: (Olhando diretamente nos olhos de Carlos) Talvez sim, talvez não. Mas pensa bem: o Fuínha foi o único lutador no plantel que não teve uma oportunidade pelo título principal e andas a colocá-lo em combates só para o descredibilizar. Junta isso a uns quantos lutadores descontentes, especialmente o Zé Tó, e imagina o dinheiro que perderias.
Carlos olha para a janela e suspira.
CS: Lucas, Lucas.. não me conheces minimamente para tentares esses joguinhos comigo. Mas vá: como até gosto aqui do Arsénio vou-te dizer o verdadeiro motivo para ele estar a lutar pelo Título Intercontinental.
O antigo membro dos DeLuxe permanece calado, deixando o seu manager tomar as rédeas da conversa. No pensamento do lutador permanecia o encontro com Barata e Meta e as repercussões que possam vir provenientes desse mesmo.
CS: (Enquanto mexe numa caneta) Não sei se tiveram a par das recentes notícias, mas o campeão atual do Título Intercontinental não tem..
LB: (Interrompendo) Diz logo: fugiu com o título.
CS: Podemos dizer que sim. Como tal, torna-se fulcral nesta fase, ainda para mais com a situação do Cavaleiro, ter um campeão estável e com qualidade reconhecida por todos. As minhas escolhas foram tu, Arsénio, e o Diogo.
LB: Resumidamente, estás-te a aproveitar dele (apontando para o “Verdadeiro Professor”) para compensar um erro teu.
CS: (Sereno) Não podia adivinhar que o Pascoal ia fugir com o título e, para ser sincero, não vejo o teu problema Lucas. Estou a dar uma title shot ao teu cliente. Devias estar contente em vez de estares aqui a reclamar a fazer exigências.
Brandão começa a ficar de novo chateado com a atitude de Salazar.
LB: O meu cliente não tem qualquer intenção de lutar por um título secundário qualquer. Muito menos ser aquele que limpa as merdas que fazes.
CS: (Sorrindo) Se ele foi o teu menino de recados no passado, porque não pode ser o meu no presente?
Carlos sorri e Lucas inclina-se para a frente. Estava a ficar bastante irritado e o seu olhar transparecia isso mesmo. Arsénio que ainda não se tinha pronunciado, decide intervir:
AF: Não fui o menino de recados de ninguém. O que o Lucas quer dizer é que não quero o título e devias dar oportunidades a lutadores que o queiram.
CS: Infelizmente, Fuínha, sou eu que tomo as decisões na VLL. Se te mando lutar com o Pascoal e o Lourenço pelo Título tu vais fazê-lo. Quer queiras quer não.
LB: (Acenando com a cabeça negativamente) As coisas não são assim. Ainda para mais não tens garantias nenhumas que o Pascoal vai lutar. Podes perfeitamente anular o combate.
CS: E mostrar às pessoas que existe um problema? Não. Seria estúpido se o fizesse. E quanto ao Pascoal aparecer ou não, não te preocupes. Isso é da minha responsabilidade.
O silêncio instala-se por breves segundos. Lucas sentia-se incapaz e sabia que nada mudaria no que toca à situação do seu cliente.
LB: Queres mesmo humilhá-lo, não queres?
CS: (Braços cruzados) Não. Apenas sou um homem de negócios que faz o que é melhor para a sua empresa. Neste caso a VLL. Se não gostas, paciência.
AF: (Levantando-se) Estou a ver que termos vindo até cá não valeu de nada. Anda embora, Lucas.
O antigo Supervisor Geral da VLL levanta-se e coloca-se a meros centímetros de distância de Salazar. A tensão entre os dois era palpável e apenas o Presidente parecia confortável quanto a isso sorrindo diretamente para Lucas.
LB: Queres um campeão estável e que não levante problemas, não é? Então garanto-te que caso o Arsénio ganhe o título ele será o campeão mais instável e controverso que a VLL já viu. Não devias ter brincado connosco. Essa é a tua lição, Salazar.
Brandão afasta-se e abandona o gabinete, acompanhado pelo “Verdadeiro Professor”. Carlos permanece sentado e pensativo. O tom de Lucas não lhe tinha agradado.
AF: Andas a copiar-me as deixas.
LB: (Já não tão tenso) Parece que sim.
O dois abandonam o edifício da Vanguarda da Luta Livre serenamente, sem falarem com mais ninguém dentro da companhia. A decisão de Salazar estava tomada e agora restava a Fuínha preparar a sua próxima lição.
O sol era intenso. O calor que se fazia sentir tornava o ar quase que irrespirável. Pouco incomodado com isso estava Arsénio Fuínha. O lutador encontrava-se na sala de espera destinada às visitas ao gabinete de Carlos Salazar, presidente da VLL, juntamente com o seu manager, Lucas Brandão. A sala tinha sido remodelada de forma a que o gabinete de Salazar se tornasse maior. Agora apenas 5 cadeiras e a secretária do Sr. Lopes cabiam naquele espaço pequeno. Lucas e Arsénio estavam sentados em duas cadeiras. O primeiro encontrava-se impaciente. Tinha sido Brandão a forçar o “Verdadeiro Professor” a falar com o presidente, devido à presença do lutador no próximo show a lutar pelo Título Intercontinental. O segundo estava calmo e sereno. Parecia pouco preocupado com tudo o que o rodeava, fosse o calor ou até mesmo a ansiedade de Brandão.
LB: (Dirigindo-se ao Sr. Lopes) Falta muito? Já estamos à espera há quase uma hora.
Lopes: (Atrapalhado; a atender telefonemas) O Sr. Presidente está numa reunião. Não sei quanto tempo vai demorar.
Lucas irrita-se. Já tinha ouvido aquela resposta bastantes vezes. O antigo Supervisor Geral levanta-se e dirige-se até à porta do gabinete de Salazar. Fuínha faz o mesmo, antecipando a decisão do seu manager. O Sr. Lopes não consegue impedir a tempo, mas não foi necessário. Quando Brandão preparava-se para abrir a porta, esta abriu-se sozinha. Era Barata e Meta Baldé que tinham estado a reunir-se com o presidente. Arsénio muda de expressão instantaneamente. A tranquilidade dá lugar a uma raiva disfarçada e a um olhar intenso para tanto Meta como Barata.
Barata (Não se apercebendo da presença de Lucas e Arsénio): Ainda bem que nos entendemos às mil maravilhas, Carlos.
Barata vira-se e depara-se com Fuínha e Brandão.
Carlos Salazar: (Sentado; bem humorado) Que coincidência vocês se encontrarem. Suponho que se conheçam depois do pedido que me fizeste Arsénio.
Fuínha morde o lábio.
Lucas Brandão: (Surpreso) Conhece-los?
Barata não hesita e coloca-se junto ao antigo Parceiro de Guerra.
Barata: (Dando uma palmada amigável nas costas de Arsénio) Somos amigos de longa data.
O agiota abandona o local tal como Baldé. Lucas, ainda surpreendido com a situação, senta-se à frente de Carlos. Fuínha acompanha-o e também ele se senta, ainda a pensar no que tinha acontecido há momentos.
CS: Então: o que vos traz aqui… ao meu novo gabinete?
LB: Tu sabes bem o porquê da nossa visita.
CS: (Mostrando um suposto ar pensativo a gozar com Lucas) Humm… Já sei. Estás aqui porque o Lopes enganou-se e só escreveu Arsénio no site. Não te preocupe, já lhe dei na cabeça. Da próxima vez garanto que terás Arsénio Fuínha lá escrito.
Salazar ri-se, enquanto Lucas continua sério, a olhar para este.
LB: Estás a achar piada? E se ativar a Cláusula de Rescisão com justa causa do contrato do Arsénio? Vais-te rir também?
O presidente da VLL ajeita a sua posição e remove o sorriso da cara.
CS: Isso nunca pegaria em tribunal. Sabes bem disso.
LB: (Olhando diretamente nos olhos de Carlos) Talvez sim, talvez não. Mas pensa bem: o Fuínha foi o único lutador no plantel que não teve uma oportunidade pelo título principal e andas a colocá-lo em combates só para o descredibilizar. Junta isso a uns quantos lutadores descontentes, especialmente o Zé Tó, e imagina o dinheiro que perderias.
Carlos olha para a janela e suspira.
CS: Lucas, Lucas.. não me conheces minimamente para tentares esses joguinhos comigo. Mas vá: como até gosto aqui do Arsénio vou-te dizer o verdadeiro motivo para ele estar a lutar pelo Título Intercontinental.
O antigo membro dos DeLuxe permanece calado, deixando o seu manager tomar as rédeas da conversa. No pensamento do lutador permanecia o encontro com Barata e Meta e as repercussões que possam vir provenientes desse mesmo.
CS: (Enquanto mexe numa caneta) Não sei se tiveram a par das recentes notícias, mas o campeão atual do Título Intercontinental não tem..
LB: (Interrompendo) Diz logo: fugiu com o título.
CS: Podemos dizer que sim. Como tal, torna-se fulcral nesta fase, ainda para mais com a situação do Cavaleiro, ter um campeão estável e com qualidade reconhecida por todos. As minhas escolhas foram tu, Arsénio, e o Diogo.
LB: Resumidamente, estás-te a aproveitar dele (apontando para o “Verdadeiro Professor”) para compensar um erro teu.
CS: (Sereno) Não podia adivinhar que o Pascoal ia fugir com o título e, para ser sincero, não vejo o teu problema Lucas. Estou a dar uma title shot ao teu cliente. Devias estar contente em vez de estares aqui a reclamar a fazer exigências.
Brandão começa a ficar de novo chateado com a atitude de Salazar.
LB: O meu cliente não tem qualquer intenção de lutar por um título secundário qualquer. Muito menos ser aquele que limpa as merdas que fazes.
CS: (Sorrindo) Se ele foi o teu menino de recados no passado, porque não pode ser o meu no presente?
Carlos sorri e Lucas inclina-se para a frente. Estava a ficar bastante irritado e o seu olhar transparecia isso mesmo. Arsénio que ainda não se tinha pronunciado, decide intervir:
AF: Não fui o menino de recados de ninguém. O que o Lucas quer dizer é que não quero o título e devias dar oportunidades a lutadores que o queiram.
CS: Infelizmente, Fuínha, sou eu que tomo as decisões na VLL. Se te mando lutar com o Pascoal e o Lourenço pelo Título tu vais fazê-lo. Quer queiras quer não.
LB: (Acenando com a cabeça negativamente) As coisas não são assim. Ainda para mais não tens garantias nenhumas que o Pascoal vai lutar. Podes perfeitamente anular o combate.
CS: E mostrar às pessoas que existe um problema? Não. Seria estúpido se o fizesse. E quanto ao Pascoal aparecer ou não, não te preocupes. Isso é da minha responsabilidade.
O silêncio instala-se por breves segundos. Lucas sentia-se incapaz e sabia que nada mudaria no que toca à situação do seu cliente.
LB: Queres mesmo humilhá-lo, não queres?
CS: (Braços cruzados) Não. Apenas sou um homem de negócios que faz o que é melhor para a sua empresa. Neste caso a VLL. Se não gostas, paciência.
AF: (Levantando-se) Estou a ver que termos vindo até cá não valeu de nada. Anda embora, Lucas.
O antigo Supervisor Geral da VLL levanta-se e coloca-se a meros centímetros de distância de Salazar. A tensão entre os dois era palpável e apenas o Presidente parecia confortável quanto a isso sorrindo diretamente para Lucas.
LB: Queres um campeão estável e que não levante problemas, não é? Então garanto-te que caso o Arsénio ganhe o título ele será o campeão mais instável e controverso que a VLL já viu. Não devias ter brincado connosco. Essa é a tua lição, Salazar.
Brandão afasta-se e abandona o gabinete, acompanhado pelo “Verdadeiro Professor”. Carlos permanece sentado e pensativo. O tom de Lucas não lhe tinha agradado.
AF: Andas a copiar-me as deixas.
LB: (Já não tão tenso) Parece que sim.
O dois abandonam o edifício da Vanguarda da Luta Livre serenamente, sem falarem com mais ninguém dentro da companhia. A decisão de Salazar estava tomada e agora restava a Fuínha preparar a sua próxima lição.
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Re: Explicações
Sábado, 4 de outubro de 2014, 21h49min
A noite era quente. Algo supostamente estranho no Outono, mas que não admirava ninguém. Totalmente despercebido, a caminhar pelas ruas de Alfama, estava Lucas Brandão. O smoking e as calças justas davam lugar a umas simples calças de ganga e a uma normal camisa. O destino da caminhada estava traçado. Apartamento de Arsénio Fuínha, por assim dizer. Poucos passos depois e Lucas encontra-se mesmo em frente ao apartamento. Já tinha entrado lá dezenas de vezes. Mas hoje era diferente. Brandão sentia-o. Antes de tentar uma investida à porta de entrada, um maço de tabaco é retirado do bolso direito da camisa do próprio. Um cigarro vinha mesmo a calhar para aliviar alguma tensão sentida pelo mesmo. Não era muito comum para o Supervisor Geral fumar. Apesar disso, fazia-o sempre antes de uma conversa mais difícil ou um confronto mais temível. Era isso que Brandão previa. Expressão vaga, pensativo, encostado a uma parede branca ainda relativamente recente. Assim permaneceu. O tocar das 20h por parte do sino da igreja parece tê-lo despertado. Estava na altura.
Lucas toca à campainha e Arsénio abre-lhe a porta de entrada, estranhando um pouco a visita do seu agente. Fuínha abre a porta de casa e espera pela chegada de Brandão que não demora. Um cumprimento de mãos e um sorriso é transmitido tanto por um como um por outro. A porta castanha é fechada prontamente por Fuínha que se desloca até ao centro da sala. O antigo Supervisor Geral continua de pé, engolindo em seco de tempo em tempo.
AF: (Braços cruzados) Convidava-te para sentar, mas estou a ver que não é isso que pretendes.
LB: O quê?
AF: Estiveste a fumar, Lucas. Ambos sabemos que só fumas quando queres confrontar alguém ou falar de algum assunto mais sensível. Desembucha lá.
Arsénio senta-se e deixa Lucas ser o protagonista da conversa. Este começa a mexer nas chaves do seu carro, presentes no seu bolso. Um tique nervoso. Após uma passagem com a mão direita pelo cabelo, Brandão começa a falar.
LB: (Hesitante) Lembras-te de quando fomos ao escritório do Lousada, há coisa de um mês?
AF: (Atento) Sim. Que tem?
LB: Lembras-te então que na altura cruzámo-nos com um homem que afirmou ser teu amigo de longa data, correto?
Arsénio morde o lábio e inclina-se para a frente. Olha para o chão e responde com um tom seco à pergunta do seu manager. O seu maior receio estava prestes a concretizar-se.
AF: (Olhando de novo para Lucas) Correto.
LB: A cara dele era me familiar. Pensei nele durante uns dias e acabei por me esquecer do que aconteceu. Isto até ontem. Estava a investigar alguns lutadores da VLL, em particular Meta Baldé e Nuno Barata aparece de imediato diante de mim. Maior e mais perigoso agiota de Lisboa e quiçá de Portugal. Mesmo homem que disse ser teu amigo. Agora pergunto-te, Arsénio: que raio fazes tu associado a ele? Podes-me esclarecer?
O ex-Parceiro de Guerra demora a responder. Todas as desculpas que tinha pensado para este exato momento evaporam-se, o que faz aumentar a impaciência do primo de Eustass.
LB: Não dizes nada?
AF: (Sério) O Barata é uma pessoa que foi importante no meu passado e que me é insignificante no presente. Um mero conhecido. Nada mais do que isso.
O manager do lutador sorri por momentos. Já esperava obter uma resposta deste género.
LB: Não arranjavas nada melhor? Um mero conhecido?
AF: (Vago) Lucas, não queiras saber mais.
LB: (Sentando-se no sofá em frente do lutador) O problema é que preciso de saber. Ainda estás envolvido em alguma coisa com ele?
Novo momento de indecisão demonstrado pelo “Verdadeiro Professor”.
AF: Confias em mim, certo?
LB: Não é isso. O Barata é um homem perigoso que…
AF: (Interrompendo) Certo?
LB: (Pouco satisfeito) Sim. Só te peço, Arsénio, que não me mintas. Se estás envolvido em alguma cena diz-me logo. Confia tu em mim.
Arsénio levanta-se de imediato. Aproveita o silêncio para se servir a si mesmo. Um copo de whisky. Lucas esperava ansiosamente por uma resposta, enquanto observava cada movimento que o seu amigo dava. Já servido, Fuínha encosta-se à parede e dá o primeiro gole. Cruza suavemente a perna esquerda sobre a direita e olha em redor. Tudo parecia diferente na cabeça deste, mas na realidade sabia que tudo estava igual. Os mesmos quadros, a mesma mobília… contudo o espaço ajudava Arsénio a relembrar o passado, de forma a aproveitar melhor o presente.
AF: (Já mais focado em Brandão) Lembras-te daquele dia em que vieste cá a casa para me falares a culpa que sentias? Dos erros que tinhas cometido e que não querias que cometesse? Achei que tinha enlouquecido nesse dia. Por horas pensei que tinhas-te tornado numa pessoa pior. Num covarde que abandonou o barco na parte difícil, mas não podia estar mais enganado. No fundo sentia-me igual a ti. Sozinho. Totalmente isolado e focado em tudo o que não devia. Agora faço-te mais uma pergunta, e esta é a sério: achas que quero voltar-me a sentir assim? Achas que abdicaria do bem-estar, do sentimento de satisfação que sinto para comigo mesmo para me juntar a uma pessoa, a um pedaço de merda como o Barata?
O primo de Eustass começava a aperceber-se que as suas preocupações não tinham qualquer fundamento. Aos poucos, as palavras de Fuínha reconfortavam esses receios sentidos por Brandão.
LB: (Quase que envergonhado com a sua atitude) Não.
AF: Cruzei-me com o Barata naquele dia e foi isso. Só isso. Há 7 anos, sim. Eu e ele tivemos as nossas desavenças e alianças, mas tinha 18 anos na altura. Não sabia o que fazia. Vi um homem de gravata que me podia ajudar e aproveitei. Nem pensei nas consequências.
LB: Achas que ele agora quererá algo de ti?
AF: (Após dar mais um gole na sua bebida) Não. Se quisesse já teria feito por isso. Ele só quis assustar-te naquele dia. Mexer com a tua cabeça. O Barata adora esses joguinhos. Adora causa medo e preocupação a todos. E parece que conseguiu, contigo.
Lucas nega de imediato.
LB: (Disfarçando) Não estava preocupado. Só quis esclarecer as cenas para ver se não tinhas uma recaída, mas sei que posso confiar em ti.
AF: Pois, pois. Até fumaste.
LB: (Curioso) Como te apercebeste disso?
AF: O maço que tens aí no teu bolso e o cheiro denunciaram-te, rapaz.
Lucas sorri tal como Fuínha, que termina a sua bebida.
AF: Queres algo para beber?
LB: Não, não. Já vou indo. Desculpa lá ter-te incomodado.
Brandão preparava-se para ir embora quando alguém toca á campainha. Lucas abre a porta e depara-se com Barata. Este último encontrava-se bem humorado, como de costume, envergando um smoking preto e uns óculos de sol. Atrás de si, Coco fazia de sua sombra. Não havia sinais de Meta Baldé.
Barata: (Levantando os óculos de sol) Lucas! Que bom ver-te. Tudo bem contigo? Se não te importares, gostava de ter uma conversa a sós aqui com o nosso amigo Arsénio.
LB: (Nitidamente chateado) Não me importo minimamente.
Lucas abandona o local sem sequer olhar para trás. Fuínha engole em seco. Tudo o que tinha dito ao seu manager para não o preocupar de nada tinha valido.
AF: (Aborrecido) O que é que tu queres?
Barata: Muita coisa, Arsénio. Muita coisa. Olha, para começar, um bom vinho. Coco, trata aí de me servir um Tinto.
Barata toma a iniciativa, sentando-se no sofá sem ser convidado. O “Verdadeiro Professor” preparava-se para ter mais uma conversa difícil pela frente.
A noite era quente. Algo supostamente estranho no Outono, mas que não admirava ninguém. Totalmente despercebido, a caminhar pelas ruas de Alfama, estava Lucas Brandão. O smoking e as calças justas davam lugar a umas simples calças de ganga e a uma normal camisa. O destino da caminhada estava traçado. Apartamento de Arsénio Fuínha, por assim dizer. Poucos passos depois e Lucas encontra-se mesmo em frente ao apartamento. Já tinha entrado lá dezenas de vezes. Mas hoje era diferente. Brandão sentia-o. Antes de tentar uma investida à porta de entrada, um maço de tabaco é retirado do bolso direito da camisa do próprio. Um cigarro vinha mesmo a calhar para aliviar alguma tensão sentida pelo mesmo. Não era muito comum para o Supervisor Geral fumar. Apesar disso, fazia-o sempre antes de uma conversa mais difícil ou um confronto mais temível. Era isso que Brandão previa. Expressão vaga, pensativo, encostado a uma parede branca ainda relativamente recente. Assim permaneceu. O tocar das 20h por parte do sino da igreja parece tê-lo despertado. Estava na altura.
Lucas toca à campainha e Arsénio abre-lhe a porta de entrada, estranhando um pouco a visita do seu agente. Fuínha abre a porta de casa e espera pela chegada de Brandão que não demora. Um cumprimento de mãos e um sorriso é transmitido tanto por um como um por outro. A porta castanha é fechada prontamente por Fuínha que se desloca até ao centro da sala. O antigo Supervisor Geral continua de pé, engolindo em seco de tempo em tempo.
AF: (Braços cruzados) Convidava-te para sentar, mas estou a ver que não é isso que pretendes.
LB: O quê?
AF: Estiveste a fumar, Lucas. Ambos sabemos que só fumas quando queres confrontar alguém ou falar de algum assunto mais sensível. Desembucha lá.
Arsénio senta-se e deixa Lucas ser o protagonista da conversa. Este começa a mexer nas chaves do seu carro, presentes no seu bolso. Um tique nervoso. Após uma passagem com a mão direita pelo cabelo, Brandão começa a falar.
LB: (Hesitante) Lembras-te de quando fomos ao escritório do Lousada, há coisa de um mês?
AF: (Atento) Sim. Que tem?
LB: Lembras-te então que na altura cruzámo-nos com um homem que afirmou ser teu amigo de longa data, correto?
Arsénio morde o lábio e inclina-se para a frente. Olha para o chão e responde com um tom seco à pergunta do seu manager. O seu maior receio estava prestes a concretizar-se.
AF: (Olhando de novo para Lucas) Correto.
LB: A cara dele era me familiar. Pensei nele durante uns dias e acabei por me esquecer do que aconteceu. Isto até ontem. Estava a investigar alguns lutadores da VLL, em particular Meta Baldé e Nuno Barata aparece de imediato diante de mim. Maior e mais perigoso agiota de Lisboa e quiçá de Portugal. Mesmo homem que disse ser teu amigo. Agora pergunto-te, Arsénio: que raio fazes tu associado a ele? Podes-me esclarecer?
O ex-Parceiro de Guerra demora a responder. Todas as desculpas que tinha pensado para este exato momento evaporam-se, o que faz aumentar a impaciência do primo de Eustass.
LB: Não dizes nada?
AF: (Sério) O Barata é uma pessoa que foi importante no meu passado e que me é insignificante no presente. Um mero conhecido. Nada mais do que isso.
O manager do lutador sorri por momentos. Já esperava obter uma resposta deste género.
LB: Não arranjavas nada melhor? Um mero conhecido?
AF: (Vago) Lucas, não queiras saber mais.
LB: (Sentando-se no sofá em frente do lutador) O problema é que preciso de saber. Ainda estás envolvido em alguma coisa com ele?
Novo momento de indecisão demonstrado pelo “Verdadeiro Professor”.
AF: Confias em mim, certo?
LB: Não é isso. O Barata é um homem perigoso que…
AF: (Interrompendo) Certo?
LB: (Pouco satisfeito) Sim. Só te peço, Arsénio, que não me mintas. Se estás envolvido em alguma cena diz-me logo. Confia tu em mim.
Arsénio levanta-se de imediato. Aproveita o silêncio para se servir a si mesmo. Um copo de whisky. Lucas esperava ansiosamente por uma resposta, enquanto observava cada movimento que o seu amigo dava. Já servido, Fuínha encosta-se à parede e dá o primeiro gole. Cruza suavemente a perna esquerda sobre a direita e olha em redor. Tudo parecia diferente na cabeça deste, mas na realidade sabia que tudo estava igual. Os mesmos quadros, a mesma mobília… contudo o espaço ajudava Arsénio a relembrar o passado, de forma a aproveitar melhor o presente.
AF: (Já mais focado em Brandão) Lembras-te daquele dia em que vieste cá a casa para me falares a culpa que sentias? Dos erros que tinhas cometido e que não querias que cometesse? Achei que tinha enlouquecido nesse dia. Por horas pensei que tinhas-te tornado numa pessoa pior. Num covarde que abandonou o barco na parte difícil, mas não podia estar mais enganado. No fundo sentia-me igual a ti. Sozinho. Totalmente isolado e focado em tudo o que não devia. Agora faço-te mais uma pergunta, e esta é a sério: achas que quero voltar-me a sentir assim? Achas que abdicaria do bem-estar, do sentimento de satisfação que sinto para comigo mesmo para me juntar a uma pessoa, a um pedaço de merda como o Barata?
O primo de Eustass começava a aperceber-se que as suas preocupações não tinham qualquer fundamento. Aos poucos, as palavras de Fuínha reconfortavam esses receios sentidos por Brandão.
LB: (Quase que envergonhado com a sua atitude) Não.
AF: Cruzei-me com o Barata naquele dia e foi isso. Só isso. Há 7 anos, sim. Eu e ele tivemos as nossas desavenças e alianças, mas tinha 18 anos na altura. Não sabia o que fazia. Vi um homem de gravata que me podia ajudar e aproveitei. Nem pensei nas consequências.
LB: Achas que ele agora quererá algo de ti?
AF: (Após dar mais um gole na sua bebida) Não. Se quisesse já teria feito por isso. Ele só quis assustar-te naquele dia. Mexer com a tua cabeça. O Barata adora esses joguinhos. Adora causa medo e preocupação a todos. E parece que conseguiu, contigo.
Lucas nega de imediato.
LB: (Disfarçando) Não estava preocupado. Só quis esclarecer as cenas para ver se não tinhas uma recaída, mas sei que posso confiar em ti.
AF: Pois, pois. Até fumaste.
LB: (Curioso) Como te apercebeste disso?
AF: O maço que tens aí no teu bolso e o cheiro denunciaram-te, rapaz.
Lucas sorri tal como Fuínha, que termina a sua bebida.
AF: Queres algo para beber?
LB: Não, não. Já vou indo. Desculpa lá ter-te incomodado.
Brandão preparava-se para ir embora quando alguém toca á campainha. Lucas abre a porta e depara-se com Barata. Este último encontrava-se bem humorado, como de costume, envergando um smoking preto e uns óculos de sol. Atrás de si, Coco fazia de sua sombra. Não havia sinais de Meta Baldé.
Barata: (Levantando os óculos de sol) Lucas! Que bom ver-te. Tudo bem contigo? Se não te importares, gostava de ter uma conversa a sós aqui com o nosso amigo Arsénio.
LB: (Nitidamente chateado) Não me importo minimamente.
Lucas abandona o local sem sequer olhar para trás. Fuínha engole em seco. Tudo o que tinha dito ao seu manager para não o preocupar de nada tinha valido.
AF: (Aborrecido) O que é que tu queres?
Barata: Muita coisa, Arsénio. Muita coisa. Olha, para começar, um bom vinho. Coco, trata aí de me servir um Tinto.
Barata toma a iniciativa, sentando-se no sofá sem ser convidado. O “Verdadeiro Professor” preparava-se para ter mais uma conversa difícil pela frente.
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