Uma mensagem para Arsénio Fuínha
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Uma mensagem para Arsénio Fuínha
É noite. O orvalho natural que se costuma fazer sentir a esta hora tinha dado lugar a um denso nevoeiro. Este Verão nem Verão parece ser. Um frio quanto baste obriga a uma segunda peça de roupa para os mais corajosos que se aventuram num jogging pelos passeios do Bairro de Alfama. De sweat cinza e carapuço, um jovem corre, motivado pela música que escuta nos seus phones. No seu mundo, não há mais nada a não ser aquela caminhada… e dois fortes pontos luminosos que rasgam o nevoeiro no horizonte.
O rapaz pára. As luzes aproximam-se, aumentam cada vez mais de intensidade. Afinal tratam-se dos faróis de uma longa e negra limusine, pouco ou nada habitual por estas bandas. O veículo estaciona mesmo junto ao corredor. O jovem coloca uma mão em direção dos faróis e, de olhos semicerrados, tenta não ser ofuscado. De repente, o vidro da viatura começa a abrir-se lentamente e, no seu interior, um motorista pergunta com o seu sotaque africano.
Motorista: Apartamento 206
O jovem mostra-se surpreso pela abordagem. Gesticula as direções e o vidro volta a fechar. “Mal-educado, nem um obrigado”, pensou por certo o rapaz. A limusine, essa prossegue viagem no sentido oposto.
Nos bancos dos passageiros, um farto homem caucasiano pousa o seu copo de vinho. De fato e gravata, vai ao bolso da camisa buscar a sua caneta Mont Blanc. Sobre a perna cruzada, tinha já um pequeno envelope aberto e uma folha em branca dobrada ao meio. Passa a mão pela careca reluzente, ajeita os óculos e escreve o que tem a dizer. Com um discreto sorriso, coloca a tampa na caneta e a carta no envelope, amarrotando-a um pouco não fosse ele algo bruto e desajeitado. Por fim, sela o envelope levando-o aos lábios, escondidos algures entre a sua densa barba.
A viatura volta a parar, tinha chegado ao seu destino. O homem espreita pelo vidro e apercebe-se do final da viagem. Debruça-se sobre o banco e entrega o envelope ao condutor que, rapidamente, retira o cinto e sai do veículo. Se não medir 2 metros, não está muito longe disso. Ajeita o seu fato de motorista e, calmamente, dirige-se de envelope na mão ao apartamento. Da limusine, o homem observa com atenção.
O condutor coloca-se frente á entrada e olha em redor. Ninguém o observado, logo, pega no pequeno arame que consigo trazia e força a fechadura da entrada do prédio. Já no seu interior, começa a subir as escadas. Degrau após degrau, com a maior das naturalidades, até chegar ao 2.º andar e ao seu destino: o apartamento de Arsénio Fuínha. O motorista debruça-se sobre a porta e coloca o envelope debaixo da mesma. Faz marcha atrás e volta a limusine, não sem antes inclusive auxiliar a senhora de idade do 1.º andar com o saco das compras.
Na viatura, o homem aguardava calmamente, mexendo e observando o seu copo de vinho. O motorista entra na mesma e limita-se a acenar afirmativamente com a cabeça para o “patrão” que esboça um pequeno sorriso.
???: Está feito. A ti, Fuínha, um brinde! – aquecendo a garganta com o vinho.
No outro banco de passageiros, o pesado semblante de um segundo indivíduo contrastava com a boa disposição do homem. Com um estilo muito mais descontraído e causal, a figura de tom de pele igualmente escuro, limita-se a deitar de dorso para cima no assento de pernas cruzadas. Coloca os braços atrás da cabeça, de modo a improvisar uma almofada para as suas rastas, apanhadas em dois totós, e limita-se a espreitar o tecto em vidro da limusine. É noite mas não há estrelas no céu. O orvalho que se costuma fazer sentir a esta hora tinha dado lugar a um denso nevoeiro. Este Verão nem Verão parece ser.
O rapaz pára. As luzes aproximam-se, aumentam cada vez mais de intensidade. Afinal tratam-se dos faróis de uma longa e negra limusine, pouco ou nada habitual por estas bandas. O veículo estaciona mesmo junto ao corredor. O jovem coloca uma mão em direção dos faróis e, de olhos semicerrados, tenta não ser ofuscado. De repente, o vidro da viatura começa a abrir-se lentamente e, no seu interior, um motorista pergunta com o seu sotaque africano.
Motorista: Apartamento 206
O jovem mostra-se surpreso pela abordagem. Gesticula as direções e o vidro volta a fechar. “Mal-educado, nem um obrigado”, pensou por certo o rapaz. A limusine, essa prossegue viagem no sentido oposto.
Nos bancos dos passageiros, um farto homem caucasiano pousa o seu copo de vinho. De fato e gravata, vai ao bolso da camisa buscar a sua caneta Mont Blanc. Sobre a perna cruzada, tinha já um pequeno envelope aberto e uma folha em branca dobrada ao meio. Passa a mão pela careca reluzente, ajeita os óculos e escreve o que tem a dizer. Com um discreto sorriso, coloca a tampa na caneta e a carta no envelope, amarrotando-a um pouco não fosse ele algo bruto e desajeitado. Por fim, sela o envelope levando-o aos lábios, escondidos algures entre a sua densa barba.
A viatura volta a parar, tinha chegado ao seu destino. O homem espreita pelo vidro e apercebe-se do final da viagem. Debruça-se sobre o banco e entrega o envelope ao condutor que, rapidamente, retira o cinto e sai do veículo. Se não medir 2 metros, não está muito longe disso. Ajeita o seu fato de motorista e, calmamente, dirige-se de envelope na mão ao apartamento. Da limusine, o homem observa com atenção.
O condutor coloca-se frente á entrada e olha em redor. Ninguém o observado, logo, pega no pequeno arame que consigo trazia e força a fechadura da entrada do prédio. Já no seu interior, começa a subir as escadas. Degrau após degrau, com a maior das naturalidades, até chegar ao 2.º andar e ao seu destino: o apartamento de Arsénio Fuínha. O motorista debruça-se sobre a porta e coloca o envelope debaixo da mesma. Faz marcha atrás e volta a limusine, não sem antes inclusive auxiliar a senhora de idade do 1.º andar com o saco das compras.
Na viatura, o homem aguardava calmamente, mexendo e observando o seu copo de vinho. O motorista entra na mesma e limita-se a acenar afirmativamente com a cabeça para o “patrão” que esboça um pequeno sorriso.
???: Está feito. A ti, Fuínha, um brinde! – aquecendo a garganta com o vinho.
No outro banco de passageiros, o pesado semblante de um segundo indivíduo contrastava com a boa disposição do homem. Com um estilo muito mais descontraído e causal, a figura de tom de pele igualmente escuro, limita-se a deitar de dorso para cima no assento de pernas cruzadas. Coloca os braços atrás da cabeça, de modo a improvisar uma almofada para as suas rastas, apanhadas em dois totós, e limita-se a espreitar o tecto em vidro da limusine. É noite mas não há estrelas no céu. O orvalho que se costuma fazer sentir a esta hora tinha dado lugar a um denso nevoeiro. Este Verão nem Verão parece ser.
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Data de inscrição : 30/08/2013
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