Vanguarda da Luta Livre
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Consciencialização Humana

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Mensagem por CChris Ter 02 Set 2014, 06:53

Encontramo-nos numa sala de uma sala antiga. A casa parecia estar prestes a cair, com as paredes todas rachadas e o tecto com muitos buracos. No meio da sala podemos ver Diogo Lourenço sentado numa cadeira de madeira e fumando um cigarro. O chão desta sala estava completamente imundo, cheio de pedaços de madeira, folhas e lixo. A casa parecia estar abandonada a muito tempo.
 
Diogo: Com o tempo… com o tempo eu fui percebendo variadas coisas que, antes, não me pareciam assim tão claras. Mas conforme fui ganhando sabedoria e fui abrindo cada vez mais os olhos, vários conhecimentos que antes estavam “obscuros”, hoje em dia estão bem a luz do meu ser. Matérias que antes, pareciam ser ridículas para mim, hoje fazem total sentido. Dou-vos um exemplo. A um ano atras eu não me preocupava com a religião. Com a existência ou não existência de um ser superior, omnipotente e omnisciente. Fui criado numa família cristã, é verdade, mas nunca dei atenção a essa matéria. Hoje em dia, depois de muito reflectir sobre a filosofia que cria levar para me guiar nesta caminhada que percorro, cheguei a conclusão de que a ideia de um ser superior é completamente ridícula e abominável. Ao contrário de Descartes, que diz que a ideia de um ser perfeito tem que existir, eu digo que essa ideia, não existe sequer. O ser humano tem a ideia de um ser perfeito… errada. Todos têm a sua percepção diferente de ser perfeito, nenhuma ideia consegue ser absoluta neste mundo.
 
Diogo ajeita-se na cadeira e dá um bafo no cigarro.
 
Diogo: Descartes estava enganado, não existe ser perfeito algum. Nada é perfeito neste mundo. Tudo foi feito com pros e contras. Tudo tem um lado bonito, belo, interessante… mas tudo tem um lado feio, destruidor, corrupto e vingativo. Tudo neste mundo foi feito com duas faces. E tudo neste mundo apenas mostra uma delas, geralmente, a mais “bonita”, para atrair as presas e, usam a mais “feia”, para as destruir. E isto, é a descrição perfeita do ser humano. Um ser auto-destroitivo que, por muito que diga que quer o bem de tudo e todos, é egoísta e maníaco.
 
No fim desta frase, Diogo cospe para o chão em sinal de desprezo e nojo.
 
Diogo: Todo o ser humano é imperfeito. E com a imperfeição… chegam as falhas. Ah, as falhas. Também conhecidas como descoordenações entre cérebro e membros motores ou paragens no pensamento e raciocínio humano que levam a um processamento mais lento e errado de informação. O que é que origina estas falhas? Tudo o que existe no nosso corpo que nos deia informações. Desde os olhos, as mãos, ao nariz, aos ouvidos e também a boca. Tudo são receptores imperfeitos de informação de que o ser humano disponibiliza. Muitos erros acontecem graças a estes 5 meninos. E, com os erros, chegam as derrotas. Batalhas são perdidas por causa de erros. Combates são perdidos por causa de erros… e, num desporto meramente físico, como o wrestling, onde dependemos das informações que o nosso corpo nos dá para a interpretarmos e orquestrar um plano de modo a melhor utilizar essa informação, a mínima falha pode fazer com que um combate seja perdido.
 
Diogo dá mais um bafo no seu cigarro. Diogo para o seu discurso um pouco, fazendo algumas bolas com o fumo que tinha dragado e também pensando um pouco sobre o que vai dizer a seguir.
 
Diogo: Bem, onde é que eu quero chegar com este paleio todo. Como eu disse no início deste discurso, com o tempo muitas ideias em mim mudaram. Antes eu pensava que bastava chegar ao ringue, dar tudo de mim, morrer em ringue e deixar lá cada pingo de suor e sangue que eu tenho, para ganhar o mais difícil dos combates. Hoje em dia a tese que eu defino para mim mesmo já não é assim.
 
Diogo: Hoje em dia eu tenho uma percepção diferente deste “jogo”. E uma das coisas que eu aprendi com o tempo, foi que a mente humana comete bastantes erros quando se encontra perante duas situações: Quando está assustada e quando está sobre pressão. Nessas duas exatas situações, o ser humano fica nervoso, o que vai fazer com que os 5 sentidos passem informações erradas ou imprecisas, fazendo assim com que o ser humano cometa erros. Ora, a partir do momento em que eu apercebi-me disto, comecei a pensar: “porque devo eu esperar que o meu adversário cometa algum erro devido ao cansaço, que demora algum tempo a ser acumulado, quando posso fazer com que ele entre no ringue psicologicamente afetado e assim cometer erros desde o início?”
 
Diogo fica agora com um leve sorriso na cara, mostrando satisfação.
 
Diogo: E com isto, nasceu o novo Diogo Lourenço. Um Diogo Lourenço que vence 50% do combate antes de entrar no ringue. Os outros 50% ganho-os entrando nele e fazendo aquilo que faço melhor, lutar e atormentar aqueles que entram no “Circulo Redondo” comigo!
 
Diogo saca do bolso um papel branco que estava dobrado. Ao desdobrar e abri-lo completamente, podes ver, em preto, impresso um símbolo que representava a marca PlayBoy.
 
Diogo: Existem pessoas que ignoram estas “teorias” e preferem continuar cegas, pensam que todo o seu esforço será recompensado. Muitas vezes, são apenas caras bonitas que nada de real potencial tem, apenas gargantas cheias de nada. O perfeito exemplo disso? O vosso tão amado Cláudio Rosas. Um verme desta sociedade, alguém que nada tem na cabeça a não ser o seu look e as suas miúdas. Um parasita que anda nesta terra, alimentando-se de tudo o que a sociedade tem para lhe oferecer e espalhando a epidemia que é os da raça dele.
 
Diogo vai outra vez ao bolso, tira o isqueiro para fora e acende-o.
 
Diogo: Se Cláudio Rosas for Chines, chamem-me Mao Tsé-Tung pois vou tortura-lo. Se Cláudio Rosas for Ucraniano, chamem-me Josef Stalin pois vou faze-lo morrer a fome. Se Cláudio Rosas for Judeu, chamem-me Adolf Hitler, pois vou dar-lhe banho no meu chuveiro.
 
Diogo puxa fogo à folha e larga-a no chão da sala, queimando até ao ultimo pedacinho.
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Mensagem por CChris Qua 10 Set 2014, 02:56

Raul Leviátes: Lembras-te de tudo o que eu te disse que tinhas que fazer, certo?
 
Diogo Lourenço: Sim, eu lembro-me.
 
Raul: Optimo. Vamos a isto.
 
Raul e Diogo estavam sentados em cadeiras de metais, um frente ao outro. Diogo tinha um lenço branco, preto e cinzento na cabeça aos xadrezes, tapando a maior parte de sua cara. O mesmo estava com uma calça preta e umas botas, também elas pretas. No tronco, nada tinha a tapar o seu peito, tendo várias tatuagens, provavelmente novas, a mostra. Já Raul, estava com um fato roxo e uma camisa preta por baixo, tendo na mão, a sua habitual bengala.
 
Os dois estavam sentados no meio de um velho armazém ou fabrica, várias correntes desciam do tecto e vários ferros estavam pendurados entre as paredes e o chão.
 
Raul: Ok, Diogo. Agora que eu te expliquei o que tens que fazer quando entrares em ringue com aquele Cigano imundo e com aquele ladrãozito, vou passar a explicar o que estamos aqui a fazer.
 
Raul começa a apontar para os vários ferros e correntes, com a sua bengala.
 
Raul: Lembras-te do treino do Tarzan Taborda que fizemos aqui a uns meses certo? Pois bem, vamos faze-lo outra vez, mas numa outra versão. Em vez de ser no mato, como o Taborda fez, vamos faze-lo aqui, nesta antiga fabrica. Claro, continua a existir o risco de caíres e continua a existir o risco de magoares, mas vamos adicionar uma coisa. Cada vez que caíres, vais ter que levar dez vezes com a minha bengala nas costas.
 
Diogo fica indiferente ao que Raul disse. Este contínua de cabeça baixa com o lenço na cabeça, sem dizer completamente nada.
 
Raul: E agora, deves perguntar-te tu, porque? Bem, eu digo porque. Cada vez que caíres, vais-te arrepender de teres cometido esse erro. Vais te arrepender de errares. Cada vez que errares, vais levar com um vergaso da bengala. Cada erro, vai ser uma marca que vais ganhar nas costas para te lembrares que NÃO DEVES ERRAR! Quanto mais errares, mais sofreras! Às de estar no ringue e sentires as marcas nas tuas costas e lembrar-te-ás: “Eu não deverei errar, pois erros trás sofrimento! Sofrimento trás dor! E dor é para os fracos!”
 
Diogo levanta-se da cadeira repentinamente, mostrando as suas mãos que até agora estavam escondidas. Elas estavam cobertas de um pó branco, provavelmente, uma ajuda para o Treino Taborda. Este vai em direcção a uma das correntes que estava preso do tecto e caindo até ao chão. Diogo começa a trepar a corrente de aço só com os braços, elevando o seu corpo cada vez mais do chão. Ele continua a escalar a corrente até que chega ao topo. De seguida desce para baixo, ainda utilizando apenas as forças dos seus braços. Ao chegar ao chão, Raul bate palmas lentamente, mas depressa ordena que ele continue o treino.
 
Diogo treina intensamente o seu físico e a sua concentração durante meia hora antes de dar o primeiro erro. Diogo insere mal o pé num dos ferros e escorrega, mas depressa reganha o equilíbrio.
 
Leviátes (Gritando): DIOGO! NÃO TE DISTRAIAS! SE NÃO, JÁ SABES!
 
Diogo ouve as palavras do seu treinador e volta a concentrar-se no treino. Demorou mais 10 min a dar um erro, até que por fim, o cansaço era demasiado e cerca de 45 min depois de ter começado o treino, Diogo cai pela primeira vez. A queda, de cerca 3 metros e meio de altura, magoou bastante o corpo de Diogo. Este contorcia-se no chão cheio de dores enquanto Raul se aproxima deste com um olhar de desapontamento.
 
Leviátes: Pois é, Diogo. Demorou, mas falhas-te, como todos os outros. E, como todos os outros, tu tens que ser castigado. A dor irá corrigir-te e a dor irá fazer-te melhor.
 
Num movimento súbito, Raul levanta a bengala e faze-la descer, embatendo no corpo de Diogo e deixando um grande vergaso neste, enquanto Lourenço gritava de dor. A seguir desta, mais nove vieram e a cada uma que passava mais Diogo gritava. O seu corpo arrojava pelo chão repleto de vidros e outras porcarias. Finalmente, Raul para depois dos dez prometidos vergasos.
 
 
Raul (cansado): Ok, agora podes voltar ao teu treino. Vamos aqui ficar a tarde toda, por isso, já sabes.  
 
Ao longo de muitas horas, muitas foram as vezes que Diogo caiu no chão. E muitos foram os vergasos que este levou no corpo da Bengala de Leviátes. Ao fim de muito, Diogo já não conseguia levantar-se. Raul vai ao pé do “Anjo Caído”, abaixa-se e fala para ele…
 
Raul: Vês agora o que eu te tenho estado a dizer? Cada vez que erras, sofres. Cada vez que sofres, magoaste. E cada vez que te magoas, corróis ainda mais o teu corpo, de tal forma que ele fica destruído e nem te possas levantar. Tu, Diogo, tu vais ser treinado por mim para que sejas uma máquina indestrutível. Nas minhas mãos, tu vais ser o ser humano que mais próximo vai chegar da perfeição!
 
Diogo (mal conseguindo falar ou mexer-se): Por mais que sejas o meu treinador, por mais que sejas aquele que me prepara fisicamente, nunca tentes me treinar psicologicamente.
 
Diogo tenta levantar-se, contra todas as dores que sente no seu corpo.
 
Diogo: Eu nunca serei perfeito nem nunca serei uma máquina como tu dizes que me queres tornar. Eu Diogo Lourenço, não passo de um ser humano normal como todos os outros, apenas com um intelecto superior. Nada de isso me torna perfeito, mas sim apenas mais ciente das minhas imperfeições. Queres corrigir os meus erros? Eu vou faze-lo com o tempo e com a experiencia no ringue e com o treino, não com este sacrifício. Esta tanga de a dor ser um agente corrector do erro e que este caminho leva-nos à perfeição são apenas tangas!
 
Diogo não consegue levantar-se e cai nos seus joelhos, mas o mesmo não se importa. Ele fica de joelhos e com as mãos no chão. Ele repara num vidro que estava perto de si e pega neste.
 
Diogo: Tu queres que eu me torne naquilo que tu nunca conseguiste? Queres que eu me torne numa ilusão de perfeição? Então não o vais conseguir. Eu sou muito maior do que aquilo que tu alguma vez foste ou serás. Eu sou o Jesus Cristo do wrestling português!
 
Diogo abre os braços e olha para cima, ficando assim alguns segundos. De seguida ele leva a mão que tinha o vidro a boca, cortando propositadamente a boca e a língua com o vidro. Sangue começa a escorrer e Diogo começa a rir sadicamente enquanto que Raul fica petrificado a olhar. Diogo finalmente levanta-se ficando cara a cara com Raul.
 
Raul (gaguejando): T…tu… Tu és doido!
 
Diogo: Ainda tu não viste nada.
 
Diogo cospe na cara de Raul. O seu cuspo vermelho de sangue preenche maior parte da cara de Leviátes, ficando este ainda mais com medo do que antes. Diogo agarra na Bengala de Raul e começa a deslocar-se com esta.
 
Diogo: Espero que não te importes, mas neste momento, eu necessito dela mais que tu. Agora anda, vamos transformar a Vanguarda num local de sonhos perdidos e pesadelos realizados.
 

Diogo começa a andar, combalido e devagar, para fora do armazém. Agora que se consegue ver as suas costas, conseguimos ver as imensas marcas que Raul lhe fez com a sua bengala, tendo maior parte destas em sangue pisado ou carne viva. Raul segue o jovem lutador, mas sempre alarmado depois da cena horrível que acabou de presenciar. 
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