De coração no combate
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De coração no combate
O relógio aponta para as 22h no acampamento cigano de Pascoal. Já há dois dias que o ponteiro não se mexera mas ainda ninguém havia reparado ou roubado pilhas. Pascoal, com a ajuda dos dois jovens ciganos, Rui e Ivan, vai arrumando a mercadoria para vender amanhã na feira. Camisolas alusivas a vários lutadores, cachecóis do Benfica “autografados” por Zé Tó, máscaras, enfim, uma vasta gama de produtos relacionados com a VLL. Os três ciganos vão colocando tudo em caixas para depois deixaram nas carrinhas.
Finalizado o seu trabalho, Pascoal limpa o suor que escorria pela sua testa e vai buscar uma cerveja fresquinha a uma mala térmica. Pega num canivete e tira a carica da cerveja, deixando-a cair ao chão. Dá um valente gole sobre o olhar atento dos dois miúdos.
Ivan: Epá Pascoal, tu és tão fixe. Quero ser como tu quando for grande.
Pascoal continua a olhar para o horizonte enquanto dá mais um gole na sua cerveja.
Rui: A tua forma de estar… Foda-se tens muito estilo.
Pascoal termina de dar o seu gole na cerveja e manda um bafo que tresanda a álcool.
Pascoal: É isso mesmo, miúdos. Continuem a ajudar-me e a aprender comigo, um dia conseguirão ser como eu. Caguem na opinião das pessoas, apenas se mantenham fiéis ao vosso estilo. Na próxima terça-feira vou mostrar isso mesmo no meu combate. Não quero saber que treino tiveram os meus adversários, eu vou manter-me fiel ao meu estilo e vou vencer dessa forma. Aqueles gajos pensam que por serem filhos de um velho famoso, serem atleticamente superiores e andarem aí a comer cus são melhores do que eu que vendo na feira e faço horas nas obras. O caralho!
Rui: É isso mesmo Pascoal arrebenta-os todos!
Ivan: Por falar nisso, oh Pascoal. Não treinas para esse combate?
Pascoal dá mais um gole na cerveja para terminar com ela. Tenta dar mais um gole mas repara que o seu “vício” já terminou por isso atira a garrafa para o chão.
Pascoal: O meu treino é isto, andar a arrumar estes caixotes. Ontem à tarde também andei a acartar uns baldes de massa e a limpar entulho ali nas obras. Esta merda cansa mais do que andar no ginásio. Vou mostrar isso aqueles gajos.
Pascoal sacode as mãos e limpa a sua camisa.
Pascoal: Bem rapazes, vou-me indo. Continuem a trabalhar desta forma e eu compenso-vos um dia.
Pascoal cumprimenta os dois pequenos ciganos e vai-se embora. Caminha calmamente por entre o acampamento atravessando a poeira que se levanta do chão e os latidos dos rafeiros atrelados às suas casotas.
Depois de uma caminhada curta Pascoal encosta-se a uma autocaravana para observar a cigana Carmen enquanto esta pinta as suas unhas à porta da sua “casa”. A vontade de lhe falar é tanta, mas este ainda não era o momento certo. Para roubar o coração da doce cigana é preciso mais do que vender na feira ou arrumar carros. A bela cigana quer mais, quer alguém que lhe assegure um futuro melhor do que é o seu presente. Para desespero de Pascoal, ele não lhe pode dar isso. Mas seria a lutar que conseguiria impressionar a sua amada? Talvez… Existem várias espécies de animais onde o macho luta para ficar com a fêmea. Sim, talvez fosse esse o objetivo de Pascoal…
É sobre o olhar atento de Pascoal que Carmen se levanta para beijar o seu namorado que acabava de chegar. Um beijo apaixonado para apagar as saudades da cigana e para acender uma chama de raiva no coração de Pascoal.
Pascoal (falando baixinho para si mesmo): Filho da puta, sempre com estes beijos abusados! Cabrão do caralho, podes ser rico a vender fruta mas quando eu conseguir na VLL aquilo que eu quero nem o Euromilhões te vai chegar! Espera para ver…
Pascoal continua escondido atrás de uma autocaravana enquanto observa o casal a rir-se e a trocar “mimos”.
Pascoal: Eu sei que falhei no “Grande Zero” Carmenzinha, mas aguenta só mais um bocado. Depois de terça-feira estarei mais perto de trazer aquilo que tu tanto desejas, apenas espera…
Pascoal pega numa pequena pedra que se encontrava ao lado do seu sapato e pega nela. Espera que o casal se beije mais uma vez para poder atirar a sua pedra e acertar em cheio da cabeça do namorado de Carmen… Em cheio! O casal olha ao seu redor tentando perceber de onde caíra aquela pedra. Pascoal sorri e vai-se afastando devagar até desaparecer por entre as sombras…
Finalizado o seu trabalho, Pascoal limpa o suor que escorria pela sua testa e vai buscar uma cerveja fresquinha a uma mala térmica. Pega num canivete e tira a carica da cerveja, deixando-a cair ao chão. Dá um valente gole sobre o olhar atento dos dois miúdos.
Ivan: Epá Pascoal, tu és tão fixe. Quero ser como tu quando for grande.
Pascoal continua a olhar para o horizonte enquanto dá mais um gole na sua cerveja.
Rui: A tua forma de estar… Foda-se tens muito estilo.
Pascoal termina de dar o seu gole na cerveja e manda um bafo que tresanda a álcool.
Pascoal: É isso mesmo, miúdos. Continuem a ajudar-me e a aprender comigo, um dia conseguirão ser como eu. Caguem na opinião das pessoas, apenas se mantenham fiéis ao vosso estilo. Na próxima terça-feira vou mostrar isso mesmo no meu combate. Não quero saber que treino tiveram os meus adversários, eu vou manter-me fiel ao meu estilo e vou vencer dessa forma. Aqueles gajos pensam que por serem filhos de um velho famoso, serem atleticamente superiores e andarem aí a comer cus são melhores do que eu que vendo na feira e faço horas nas obras. O caralho!
Rui: É isso mesmo Pascoal arrebenta-os todos!
Ivan: Por falar nisso, oh Pascoal. Não treinas para esse combate?
Pascoal dá mais um gole na cerveja para terminar com ela. Tenta dar mais um gole mas repara que o seu “vício” já terminou por isso atira a garrafa para o chão.
Pascoal: O meu treino é isto, andar a arrumar estes caixotes. Ontem à tarde também andei a acartar uns baldes de massa e a limpar entulho ali nas obras. Esta merda cansa mais do que andar no ginásio. Vou mostrar isso aqueles gajos.
Pascoal sacode as mãos e limpa a sua camisa.
Pascoal: Bem rapazes, vou-me indo. Continuem a trabalhar desta forma e eu compenso-vos um dia.
Pascoal cumprimenta os dois pequenos ciganos e vai-se embora. Caminha calmamente por entre o acampamento atravessando a poeira que se levanta do chão e os latidos dos rafeiros atrelados às suas casotas.
Depois de uma caminhada curta Pascoal encosta-se a uma autocaravana para observar a cigana Carmen enquanto esta pinta as suas unhas à porta da sua “casa”. A vontade de lhe falar é tanta, mas este ainda não era o momento certo. Para roubar o coração da doce cigana é preciso mais do que vender na feira ou arrumar carros. A bela cigana quer mais, quer alguém que lhe assegure um futuro melhor do que é o seu presente. Para desespero de Pascoal, ele não lhe pode dar isso. Mas seria a lutar que conseguiria impressionar a sua amada? Talvez… Existem várias espécies de animais onde o macho luta para ficar com a fêmea. Sim, talvez fosse esse o objetivo de Pascoal…
É sobre o olhar atento de Pascoal que Carmen se levanta para beijar o seu namorado que acabava de chegar. Um beijo apaixonado para apagar as saudades da cigana e para acender uma chama de raiva no coração de Pascoal.
Pascoal (falando baixinho para si mesmo): Filho da puta, sempre com estes beijos abusados! Cabrão do caralho, podes ser rico a vender fruta mas quando eu conseguir na VLL aquilo que eu quero nem o Euromilhões te vai chegar! Espera para ver…
Pascoal continua escondido atrás de uma autocaravana enquanto observa o casal a rir-se e a trocar “mimos”.
Pascoal: Eu sei que falhei no “Grande Zero” Carmenzinha, mas aguenta só mais um bocado. Depois de terça-feira estarei mais perto de trazer aquilo que tu tanto desejas, apenas espera…
Pascoal pega numa pequena pedra que se encontrava ao lado do seu sapato e pega nela. Espera que o casal se beije mais uma vez para poder atirar a sua pedra e acertar em cheio da cabeça do namorado de Carmen… Em cheio! O casal olha ao seu redor tentando perceber de onde caíra aquela pedra. Pascoal sorri e vai-se afastando devagar até desaparecer por entre as sombras…
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